A sonhadora

Um filme que traz Eva Green como protagonista não precisa de muito esforço para se vender. Os profissionais de marketing, que de bobos não têm nada (e não querem arriscar perder um centavo sequer), jogam baixo e estampam a francesa na capa do DVD de “Sedução” (2009), último trabalho da musa − que arrebatou corações como a Isabelle de “Os sonhadores” (2003), obra de Bernardo Bertolucci – a desembarcar por aqui, sem passagem pelo circuito exibidor.

Em “Cracks” (no original), sob a batuta da diretora Jordan Scott – nada mais nada menos que filha de Ridley Scott, um dos produtores executivos do longa −, Eva interpreta Miss G., professora nada ortodoxa de uma austera escola para meninas situada numa ilha inglesa na década de 1930. Encarregada de um grupo de estudantes, ou melhor, pupilas, Miss G. encanta o corpo discente ao demonstrar ser uma mulher extremamente liberal e desencanada, que fervilha de ideias anacrônicas.

Com a chegada da aristocrata espanhola Fiamma (Maria Valverde) à escola, invejas afloram no clube da Luluzinha de Miss G., que acaba engolfada por incertezas ao sentir seu pseudoespírito cosmopolita desafiado pela independência e repertório de Fiamma.

Ela mesma ex-aluna da instituição, utiliza como afrodisíaco para inebriar a si mesma e suas meninas a mistura de fantasia e realidade em histórias à moda das mil e uma noites. O subproduto de sua mitomania é uma espécie de psicose que transborda para atitudes reprováveis. Conforme a trama se desenrola, percebemos que a ligação entre professora e alunas é algo orgânica, e o excesso de intimidade acaba dando vazão a pulsões que não poderiam se materializar em atos inconcebíveis.

Eva Green mostra seu talento na pele de uma mulher perturbada que foi tolhida de seus sonhos. Desequilibrada emocionalmente, ela sublima em suas discípulas a frustração causada pela castração de sua alma − ao mesmo tempo que as liberta e aprisiona com jogos retóricos.

Carlos Eduardo Bacellar

p.s. Deixando de lado toda verborragia acima, apresento-lhes somente um motivo para assistir ao filme: Eva Green protagoniza um skinny dipping sob a luz do luar. Não disse antes porque não queria apelar, como fizeram os responsáveis pela capa do DVD.

2 Comentários

Arquivado em Carlos Eduardo Bacellar, Quase uma Brastemp

2 Respostas para “A sonhadora

  1. Gostei do filme! Atrizes incríveis e belas atuações. Adorei seu post também parabéns! vou recomendar no meu blog… http://www.redcarpetlovers.blogspot.com
    Abraços e sucesso sempre!

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